
São amores que amam e amores que doem. Geralmente os que doem são os que mais amam. Não adianta dizer que amor é pleno sempre. Não é. De alguma forma, amar dói. Amor é sentir. É arrepiar uma vez por dia (pelo menos). Fugir do tempo. Esquecer a geografia. Amor é amar 24h. E de maneira inconsequente. Inconsequencia tem consequencia (aliás, nem sei por que se escreve assim). Tem doer, que dói mesmo, no maior sentido da palavra. Mas tem amor que somente ama. Não é o que eu quero. É o que cansa. Já disse que nada muito linear me atrai. Logo eu, que mal consigo desenhar uma linha reta com papel e caneta.
Da minha alta convivência com mais que meia dúzia de mulheres diariamente eu digo: mulheres não são fáceis. Talvez por isso que eu desejo nascer mulher se o Chico Xavier estiver certo e eu puder ter outras vidas. Da minha análise geral sobre a forma de cada uma delas amar eu penso: que loucura! Minhas amigas me enlouquecem. Talvez porque é grande o número e alta a qualidade da devoção e cuidado com cada uma. Eu me preocupo e passo horas tentando aconselhar e enfiar na cabeça delas o que muitas vezes eu sei que não entraria na minha - eu sou mesmo difícil de aconselhar, sou egoísta com meus sentimentos. Sou verdadeiramente fiel ao que sinto e jamais passo por cima das minhas vontades. Mas é que acredito ser equilibrada, elas não - Em sua maioria, elas tem problemas em ligar o coração com o cérebro. Elas tem sempre o amor da vida delas na tarde que segue a noite de ontem (isso, pelo menos, duas vezes por ano). Ou pelo menos o tratam como tal. A verdade é que essas meninas amam, amam com força. Dedicam-se e amam. Todos os dias, cada dia mais. E ainda mais na próxima história. Eu gosto delas, me apego aos seus amores para engrandecer a minha vida, que ama sempre com muito cuidado no detalhe. A inconsequencia fria que me segue sempre, fica pegando fogo perto delas.
Eu adoro ouvir suas histórias, e passo horas ensaiando meu mais belo discurso para confortar os coraçõezinhos aflitos. Sei que elas sempre me ligam e que me acham compreensiva. Não faço o tipo que aponta o dedo, mas tomo pra mim toda a raiva. E não consigo medir palavras. Sei que muito do que eu digo entra num ouvido e sai pelo outro. Mas quem sou eu pra julgar? Faço exatamente a mesma coisa! O que importa é estar sempre ali para ouvir. Ou sempre ali pra falar. Quem não tem opinião não tem amigos. Ninguém gosta de gente morna, que não comparece, que não coloca tempero na conversa. Gente gosta de gente. Gosto de ter referência, mas ser referência é melhor ainda. Elas são mesmo de pirar qualquer analista. São as minhas princesas, o meu conto de fadas diário desde que cresci. Elas são os meus amores, a minha alegria diária. São minhas...